O café da manhã de um hotel - seja este de uma ou dez estrelas - surge sempre como um banquete aos olhos de quem está acostumado a levantar-se todos os dias às 6h20 da manhã e engolir, quando muito, um pão murcho e um gole de café com leite.
Posso dizer que o sabor dos alimentos é ainda melhor quando se come de graça, isso porque eu estava de penetra no hotel. Meu amigo divide o quarto com mais um parceiro de trabalho e é a empresa que banca as despesas. Como seu companheiro viajara no feriado, pude desfrutar das inúmeras regalias que um hotel quatro estrelas pode oferecer: toalhas macias, frigobar, camareira, ducha natural, lençois limpos, tv à cabo e um café da manhã de rei. E olha que eu nem usufrui da academia, da pisicina ou da sauna que ficavam na cobertura do prédio.
Ao descermos para o saguão, me senti diante de um café colonial - aquele café típico das serras gaúchas, onde há rodízio de inúmeros pães, bolos, salgados, embutidos, doces e sucos -, claro que depois de um banquete burlesco como este, nem é preciso almoçar. Num lugar desses com tanta fartura, beleza, gostos e sabores, a gente se sente um pouco perdido. Você nem sabe por onde começa. Iniciei, então, minha refeição pelo pão de queijo. Nunca comi um tão quentinho e macio. Depois, passei às duas fatias de pão integral, presunto, queijo e requeijão. Tudo isso regado à suco Del Valle. Para finalizar comi uma dúzia de carolinas recheadas com o mais delicioso creme.
Saciados, subimos para o quarto. Tomei uma ducha para despertar. Emprestei umas roupas do Zé e logo saímos. Nosso destino era o Museu da Língua Portuguesa, há tempos queria visitá-lo. Andamos umas quadras, chegamos à estação de metrô do Hospital das Clínicas, compramos nossos bilhetes e embarcamos rumo à estação da Luz.
Enquanto o metrô zunia pelas estações íamos em pé, conversando freneticamente sobre todas as sensações que sentíamos estando em São Paulo. Éramos dois malucos apaixonados por aquela cidade. Falavámos de seus moradores, lugares, paisagens, estilos de vida, miséria, riqueza. Nada nos fazia parar, nem mesmo os estranhos ouvintes que nos circundavam e pareciam querer participar daquela cena.
Nosso diálogo só foi interrompido pela voz chiada e rouca do alto-falante do metrô que avisava:
- "Próxima estação: Liberdade".
12.6.08
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