Ao passarmos pelas catracas, seguimos pelo corredor à esquerda. Rapidamente, começamos a ver a fria e cinza passagem de croncreto transformar-se e dar lugar aos raios de sol do outono.
A princípio, a Liberdade nos pareceu como uma estação de metrô qualquer, uma como tantas outras cravadas nas paisagens de São Paulo. Porém, depois dos primeiros passos dados, já nos deparávamos novamente com mais um dos belos paradoxos que a cidade abriga.
O bairro da Libedade possui, por um lado, um aspecto provinciano - senhoras orientais de idade, que caminham pelas calçadas da megalópole com o corpo curvado, e seu jeito e passo tímidos, como se estivessem em uma pequena cidade do Japão - e; por outro lado, uma face ultramoderna - adolescentes despojados, sentados por todo chão da estação, com cabelos multicoloridos, multiformes, misturando roupas de diversas estampas com o xadrez, as bolinhas e os riscos, falando de animes, rock, mangás e outras coisas que só eles parecem entender, como se tivessem uma linguagem própria, alheia à nossa.
Na banca, jornais e revistas em português e japonês. E ainda, jornais impressos no Brasil, só que escritos com ideogramas. Na praça ao lado, toca um daqueles grupos que rodam o mundo todo tocando flautas de madeira e que a gente nunca sabe bem se são índios andinos ou norte-americanos. Será que isso importa?
O fluxo de gente aponta para a direção contrária de onde estão os músicos, e é para lá que nosso desejo se volta, para onde está a multidão.
25.6.08
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