18.3.12

Não sou
Nem deixo de ser.
Tampouco estou de algum jeito
Seja assim, assado, cozido, refogado...
Também não estou em parte alguma
Aqui, ali, lá, acolá...

Meu estado ou minha estada não é importa.
Muito menos "quem sou eu".

Por que?
Porque a questão "quem sou eu" é meramente estúpida.
Indigna de ser respondida.

Quem a formula não vê ou não quer enxergar
Que esse Eu moderno e inflado não passa de um vazio
De uma ilusão
De uma crença em um modelo identitário.
Em um Ser que possui uma Essência
um Núcleo
uma Identidade
um Ego
uma Consciência
um Eu.

Pura tolice!
Pura balela esotérica!

Meu corpo não passa de um terminal
Por onde percorrem inúmeras conexões,
Infinitos universos que tocam minha pele

Nele habita uma Multidão
De vozes, cheiros, cores, sons, gostos, dores, rostos, lembranças, desejos...

Ela vive em minhas entranhas
Nas vísceras
Nas tripas
Na boca do estômago

Como posso ser algum EU com tantos eus, outros e nós que me habitam?

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