Por volta dos quatro ou cinco anos eu aprendi a subir no telhado. Era fácil. Eu tinha duas maneiras de fazê-lo:
Na primeira, eu subia na mureta que alicerçava o portão, em seguida subia na caixa de cimento do relógio de força, depois me equilibrava no muro durante o percurso e por último me apoiava no telhado para subir.
Na segunda, eu me utilizava de uma técnica que tinha criado não sei bem ao certo para qual finalidade, a não ser subir nas coisas. Eu a usava comumente para alcançar o teto e relar minhas mãos lá, subindo através dos batentes da porta. Bastava colocar cada perna em um batente e subir de tanto em tanto com cada uma. Como havia um coqueiro com três troncos perto do telhado da garagem, eu subia neles igualzinho subia na porta até alcançar o topo. Este era o meu jeito preferido de subir até lá.
Eu adorava ficar em cima do telhado. Ficava deitado por horas à fio. Meu horário preferido era o findar da tarde, das 15h em diante, quando o sol não estava tão forte e as telhas já não queimavam os pés descalços. Apesar de gostar das estrelas e desejar por vezes ser astronauta, eu curtia mesmo era olhar para as nuvens e dar formas a elas.
Minha mãe não ralhava comigo, no máximo gritava: "Cuidado, vai cair daí menino!" ou "Vai se machucar aí em cima, hein?!". Mas quem não gostava nenhum um pouco das minhas aventuras nas alturas era o meu pai, a cada goteira ele esbravejava: "Moleque filho da puta, fica subindo no telhado e quebrando tudo as telhas!".
17.6.10
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