29.8.08

Próxima parada: Sé

Avistei de longe o topo de uma igreja. Em minha ingenuidade interiorana jamais pensei que aquela fosse a catedral da Sé, apesar de tê-la visto outras vezes em uma ou duas passagens por lá. Estávamos apenas há alguns metros da Liberdade, achei que a praça da Sé fosse há quilometros de distância...
Mas ali estava ela: grandiosa e imponente. Suas abóbodas pareciam querer alcançar os céus. Ou será que pretendia fazer-nos pequeninos diante de suas superlativas proporções?
Mas de nada serve toda sua magnificência àqueles miseráveis que buscam um pouco de conforto para seus corpos e almas cansados, esgotados, dilacerados pela dureza da vida. Tudo o que ela pode oferecer a esses trapos humanos é o consolo de suas pedras frias e vazias. Ali eles dormem, comem, defecam, mijam, gozam, sonham, choram, riem... Sobrevivem
São Paulo, terra das contradições, dos paradoxos, dos abismos. Nela habitam o sagrado e o profano, o feio e o belo, a alegria e a tristeza, a riqueza e a miséria, a dor e o amor... a dor...
Todo aquele grandioso e belo monumento fedia a mijo e excremento. A miséria humana infestada em todos os espaços, impregada em nossa pele, colada na retina, grudada em nossas narinas. Demasiada humanidade para mim... a vontade é de correr para bem longe.

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