
Preenchíamos os vãos, os poucos espaços que restavam entre os vários transeuntes que disputavam um pedaço a calçada.
Descer foi mais fácil, mas subir trouxe uma outra percepção daquele fluxo que nos atravessava. Do outro lado da rua foi possível tomar uma certa distância daquela frenesi que antes nos arrastava e, refletir. Depois de tantas descobertas nós nunca mais haveríamos de ser os mesmos. A verdade é que tomamos gosto pelo desconhecido, pela aventura de navegar sem rumo certo, sem ponto de chegada ou beijo de namorada.
Ousamos cruzar a linha da incerteza e agora, estávamos de volta ao nosso ponto de partida: estação Liberdade.
Era chegada a hora de atracar no porto. Entramos em uma lanchonete, sentamos, bebemos, descansamos e partimos novamente, a fim de alcançar novos horizontes.
A estação de metrô ficou para trás, e a Liberdade passou a ser não mais um lugar, um bairro, um espaço físico, mas a nossa direção. Liberdade tornou-se, enfim, o norte de nossas bússolas.